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Era Deus um bom Analista de Sistemas?

Quando Deus criou o mundo, Ele deve ter feito um planejamento bastante elaborado antes de iniciar seu trabalho. Não é possível que Ele tenha saído por aí atabalhoadamente, criando todo este universo maravilhoso. Mas, mesmo assim, será que Ele fez um bom serviço? Será que Ele fez um anteprojeto, projeto e depois apresentou tudo para um grupo de consultores norte-americanos darem o seu parecer final? Certamente que não. Se houvesse um Procon universal, você iria deixar barato ou sairia correndo em busca dos seus direitos e reclamar dizendo que muita coisa está incrivelmente errada?

Senão, vejamos: inicialmente, Ele criou a Natureza. Nada mais belo, perfeito e bem bolado. O mar, com seu gigantesco volume de água que recebe o Sol, que a faz evaporar-se e formar as nuvens. Depois o vento, outra maravilha universal, que empurra estas nuvens para a Terra. Tudo isto sem ventilador ou qualquer outro recurso ecologicamente não sustentado. Criou também a chuva, que descarrega toda aquela água no topo das montanhas, alimentando as fontes que formam os rios. Estes, por sua vez, se espalham pelas montanhas abaixo, regando tudo e fornecendo o precioso líquido aos mais distantes rincões da Terra, para depois descarregá-lo novamente ao mar. E lá, o ciclo recomeça. Ciclo perfeito. Automático. Sem necessidade de mão de obra, custo zero e totalmente autossustentável, reciclável. Belo projeto, análise perfeita e implantado sem maiores problemas. Secas, enchentes e ciclones são pequenos bugs perfeitamente aceitáveis num projeto desta dimensão. Só o Homem mesmo para destruir lentamente todo este trabalho. Só agora está percebendo o erro que cometeu.

Em seguida, Deus resolveu criar os seres vivos. Começou pela vegetação, com as árvores, o mato, o pasto. Aí já houve falhas. Por que fazer tanto mato não comestível? Logo depois vieram os animais, veio o Homem. Estes seres vivos precisavam se alimentar. Como este mato praticamente não é comestível – apenas uma mínima parte o é, pelo menos para o Homem –, o que se vê é a crueldade de uns devorando os outros para sobreviver. Uma verdadeira matança. Você já imaginou quão estressante deve ser a vida de um cervo em terras africanas, sabendo que a qualquer instante pode chegar um tigrão e “nhac”? Comê-lo vivo! Ou de uma galinha, no seu galinheiro? Uma vaca no seu curral? Pois é, tanto mato por aí e as pessoas morrendo de fome. Falha de projeto.

É curioso analisar o quão criativo foi Deus ao criar os animais. A começar pela variedade. Desde os bichinhos, insetos que vivem em qualquer canto e têm uma mobilidade incrível, até os animais maiores, que provavelmente serviram de base para a criação do Homem, como o cachorro, o gato, o leão, o macaco. Cada um com suas virtudes e defeitos. Depois foram criadas as aves – bela invenção, esta capacidade de voar –, os peixes e outros que nadam tão bem, o elefante com sua bela tromba e presas de marfim, a mosca que tem olhos por todo o corpo, a cobra com esta forma esquisita ou mesmo a tartaruga, tão longeva e protegida, mas, coitada, para fazer qualquer programa fora da rotina, perde um tempão.

Quando Deus finalmente resolveu criar o Homem, não fez seleção das melhores características dos animais e as colocou neste produto prioritário. Está certo que o Homem não é tão ruim como o pato, que faz de tudo, mas tudo mal feito: canta, corre, voa e nada, mas sempre de forma desajeitada. Não é preciso ser um gênio para ver que o Homem poderia ser muito melhor. Está certo que ele tem cérebro, inteligência, sensibilidade e tudo que o faz sentir, pensar, rir, criar, desenvolver-se, ser feliz; mas também o faz sofrer, chorar, ter inveja, frustrar-se, deprimir-se, enfim, viver. E viver, cá entre nós, não tem sido fácil.

Se a vida fosse fácil, de que serviriam os psicólogos e psiquiatras, que procuram reparar o que já veio com defeito de fabricação: a nossa cabeça. Além disso, bem que o Homem poderia ter uma série de outras propriedades que, sem muito custo adicional, teriam gerado um produto bem melhor. Bastava copiar as ideias de outros animais. Por exemplo, o Homem já deveria vir com uma bolsa incorporada ao corpo, como os cangurus. Aliviaria muito o trabalho que temos para carregar as coisas. Ainda mais considerando os preços absurdos que os shoppings cobram por este artefato. Basta ser da moda, e pronto, uma bolsa chic chega a custar mais de R$1.000,00. E tem gente que compra. Só para impressionar, para aparecer! Ou então ter olhos por todo o corpo, como as moscas. Não precisaria estar se virando para tudo que é lado. Poderia ainda ter asas como um urubu e assim evitaríamos estes malditos congestionamentos.

Poderia ter também outras coisas, que só o Homem mesmo veio a inventar depois. Por exemplo, um painel incrustado na testa, mostrando a sua situação: tô com fome!, tô com sono!, tô com febre!, tô apaixonado!, tô com as veias entupidas! Tudo apontando com pequenos ponteiros. Ou, quem sabe, até uma tela com a última versão do Windows. Poderia também ter rodas, coisa mais simples e prática. Mas, sabe como é, naquele tempo não havia asfalto e nem mesmo caminhos. As rodas não iriam funcionar muito bem.

Outra coisa errada: o Homem nasce sem saber nada, ou seja, a gravidez deveria levar muito mais tempo. Ou ser mais eficaz. Aí o danado do nenê já sairia andando, falando, enfim, não seria preciso gastar uma verdadeira fortuna com as babás, com as escolas. Quem é pai sabe.  Vejam o exemplo do cavalo. Com apenas 15 minutos de vida, já sai correndo, se alimenta sozinho, fica totalmente independente. Mas, o que é ruim mesmo é este negócio de ficar velho. Enxergar mal, ouvir mal, se locomover mal, com dores por todo o corpo. Ainda mais depois de ter experimentado a juventude, coisa tão bela.

O certo seria ficarmos um tempão com 25 anos e, num certo dia, com hora marcada e tudo, adormeceríamos num sono profundo e partiríamos desta para melhor. E aí sim, ficar na vida eterna, de camarote, assistindo a tudo que se passa por aqui. Quem pecou muito, fica na geral. Quem foi bonzinho, nas numeradas cobertas. Esse negócio de eternidade deveria ser muito mais transparente. Como é que você vai convencer o bandido de que o pecado leva ao inferno, se ninguém consegue provar? Fica difícil. Aí vêm as religiões, se aproveitam e tentam dar um jeitinho. Mas será que resolvem mesmo?

Muita gente já estava até defendendo o sexo livre, mas veio a AIDS e acabou com a festa. Outros procuram a união perfeita, eterna, a monogamia sem monotonia. É válido, mas também não é fácil. E graças aos laboratórios farmacêuticos, e não a Deus, temos as pílulas para o tratamento da “disfunção erétil”. E temos ainda a cirurgia plástica, as sessões de estética, o cabeleireiro, o banho de loja, o bronzeamento artificial. Sem contar a drenagem linfática, os implantes, o silicone, a lipoaspiração etc.

Enfim, não há desculpa para ficar sozinho ou sozinha. E no fundo, no fundo, é exatamente isto que dá sentido à vida. Namorar, flertar, paquerar, casar, ter filhos, beijar, brigar, levar um fora, voltar, ter mais filhos, ter ciúmes, ficar, conquistar, dar, receber, sonhar, trair, se arrepender, pedir perdão, amar, apaixonar-se, amar, amar! Enfim, sentir aquele “arrepio que arrepia a gente quando a gente vê a gente que a gente gosta”.

Mas, se Deus cometeu suas falhas, o que está feito, está feito. Não tem jeito. Não dá pra remediar nem reclamar, mesmo porque se trata de monopólio. Só agora estão começando a surgir os primeiros concorrentes que, um dia, quem sabe, talvez conseguirão fazer um clone perfeito. Mas, isto é só no futuro e não vai ser fácil fazer melhor. Que tal pensarmos em um modelo belo como o pavão, ágil como o gato, bem-humorado como os golfinhos, corajoso como o leão e perseverante como a formiguinha. Enfim, o cara perfeito! Ou o Homem e a Mulher sem defeito. Difícil!

Agora, o que nos resta é manter e dar um jeito no que aí está. Preservando e cuidando da natureza, da nossa saúde, aceitando as coisas ruins com muito humor e alegria, reagir com persistência e ousadia, respeitar as manias dos outros, principalmente da nossa parceira ou parceiro, amar e ser amado, trabalhar naquilo que gosta, mas fazer do estudo a base para novas e deliciosas descobertas, enfim, entender que da vida só se leva a vida que a gente leva.

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